domingo, 20 de julho de 2008

O que é Jiu Jitsu

Jiu-jitsu

Ideogramas

O jiu-jitsu, jujutsu ou ju-jitsu (em japonês 柔術, "arte da suavidade") é uma arte marcial japonesa que utiliza golpes de articulação, como torções de braço, tornozelo e estrangulamentos, para imobilizar o oponente. Inclui também quedas, golpes traumáticos e defesas pessoais, como saídas de gravata, esquivas, contra-golpes etc.

Basicamente usa-se o peso e a força do adversário contra ele mesmo. Essa característica da luta possibilita que um lutador, mesmo sendo menor que o oponente, consiga vencer. Outra característica marcante o diferencia de outras artes: suas avançadas técnicas de luta de chão, com a qual é possível finalizar um adversário por meio de uma queda e usando-se torções com ambos deitados.

História

A história mais divulgada de praticamente todas as artes marciais orientais se insere na mesma tradição lendária da origem do Zen, ao qual se pretende que estas Artes Marciais estejam ligadas em sua origem: o Zen teve origem na Índia, através da difusão feita por missionários budistas saídos desta região e, nesta linha, se chega à figura lendária de Bodhidharma, indiano que teria sido o 28.º patriarca do Zen, fundador do Monastério Shaolim na China, de onde se teriam originado os estilos de "Kung Fu" (Wu Shu) na China, que teriam sido exportados para o resto do Oriente, nesta clara tentativa de ligar todas as Artes Marciais orientais a esta lendária origem comum com a origem do Zen.

Mas se mesmo esta origem do Zen, na literatura especializada no assunto, é vista pelos estudiosos sérios, como Allan Watts, como tentativa piedosa de traçar uma ligação contínua da tradição com a origem remota na figura do Buda, com muito mais razão o estudioso sério de Artes Marciais deve ser alertado para o perigo de aceitar a Índia ou mesmo a China como "origem" de todos os estilos de luta oriental.

Segundo um especialista do quilate de Donn Draeger, Ph D em Haplologia e especialista em Artes Marciais orientais, “o jujutsu em si é produto japonês”. Para ele, atribuir ao Jiu jitsu origem mesmo chinesa (sobre a “origem indiana” ele nem cogita) é o mesmo que atribuir ao inventor da roda o desenvolvimento dos carros modernos... (Donn F. Draeger. Classical Budo. p. 113). Mesmo numa obra escrita por autores da família Gracie, como o livro de Jiu jitsu do Royce e do Renzo Gracie, vemos uma discussão mais realista sobre esta questão das origens do Jiu-jitsu.

Antigamente havia vários estilos de jiu-jitsu, e cada clã tinha seu estilo próprio. Por isso o jiu-jitsu era conhecido por vários nomes, tais como: kumiuchi, aiki-ju-jitsu, koppo, gusoku, oshi-no-mawari, yawara, hade, jutai-jutsu, shubaku e outros.

No fim da era Tokugawa, existiam cerca de 700 estilos de jiu-jitsu, cada qual com características próprias. Alguns davam mais ênfase às projeções ao solo, torções e estrangulamentos, ao passo que outros enfatizavam golpes traumáticos como socos e chutes. A partir de então, cada estilo deu origem ao desenvolvimento de artes marciais conhecidas atualmente de acordo com suas características de luta, entre elas o judô, o caratê e o aikidô.


O Jiu-jitsu era tratado como jóia das mais preciosas do Oriente. Era tão importante na sociedade japonesa que chegou a ser _ por decreto imperial _ proibido de ser ensinado fora do Japão ou aos não japoneses, proibição que atravessou os séculos até a primeira metade do século XX. Era considerado crime de lesa-pátria ensiná-lo aos não japoneses. Quem o fizesse era considerado traidor do Japão, condenado à morte, sua família perdia todos os bens que tivesse e sua moradia era incendiada. Com a introdução da cultura ocidental no Japão, promovida pelo Imperador Meiji (1867-1912), as Artes Marciais caíram em relativo desuso em função do advento das armas de fogo, que ofereciam a possibilidade de eliminação rápida do adversário sem o esforço da luta corporal. As artes de luta só voltaram a ser revalorizadas mais tarde, quando o Ocidente também já apreciava esse tipo de luta.

Por muito tempo, o Jiu-jitsu foi a luta mais praticada no Japão, até o surgimento do Judô, em 1882. O Jiu-jitsu caiu em desuso e perdeu a sua popularidade quando a polícia de Tóquio organizou um combate entre as escolas mais famosas de Judô e Jiu-jitsu que teve por resultado 12 combates de 15 ganhos pelo Judô e um empate. Desta forma a polícia de Tóquio, que resume a sua eficácia a arte marcial pois não usavam armas, escolheu a prática do Judô, desta forma o Judô ganhou fama e popularidade por todo o Japão. Mas o Jiu-jitsu não foi esquecido nem apagado, a sua prática foi mantida viva por algumas escolas. Nos dias de hoje é difícil encontrar a arte marcial antiga e original do Jiu-jitsu pois sofreu algumas variantes e influencias de outras artes marciais de forma a adaptar-se as novas realidades e necessidades dos praticantes.

As principais escolas japonesas de Jiu-jitsu são as seguintes:

  • Araki-ryu
  • Daito-ryu aiki-jujutsu
  • Hontai Yoshin-ryu
  • Sekiguchi Shinshin-ryu
  • Sosuishitsu-ryu
  • Takenouchi-ryu
  • Tatsumi-ryu
  • Tenjin Shinyo-ryu
  • Yagyu Shingan Ryu
  • Yoshin Ryu

No Brasil


Em 1917, Mitsuyo Maeda, também conhecido como conde Koma, foi enviado ao Brasil em missão diplomática com o objetivo de receber os imigrantes japoneses e fixá-los no país. Sensei da Academia Kodokan de judô, Maeda ensinou Carlos Gracie em virtude da afinidade com seu pai, Gastão Gracie. Carlos por sua vez ensinou a seus demais irmãos, em especial a Hélio Gracie. Neste ponto surgem duas teorias. A primeira alega que Maeda ensinou somente o judô de Jigoro Kano a Carlos, e esse o repassou a Hélio, que era o mais franzino dos Gracie, adaptando-o com grande enfoque no Ne-Waza - técnicas de solo do judô, ponto central do jiu-jitsu desportivo brasileiro. Para compensar seu biotipo, a partir dos ensinamentos de Carlos, Hélio aprimorou a parte de solo pelo uso do dispositivo de alavanca, dando-lhe a força extra que o mesmo não dispunha. A segunda teoria, apoiada pelos Gracies, fala que Maeda era, também, exímio praticante de jiu-jitsu antigo, como Jigoro Kano, e foi essa a arte que ensinou ao brasileiros. Porém, em uma recente entrevista, Hélio Gracie afirma que "Carlos lutava judô"[1]. Mas o certo é que o jiu-jitsu tradicional de muito difere do praticado no Brasil atualmente. Este possui mais imobilizações, chaves e finalizações, privilegiando o uso da técnica em detrimento da força.

Em Portugal

Actualmente ainda se pratica o jujutsu associado aos samurais do antigo Japão. Note-se que no caso dessa arte tradicional as palavras ju (flexibilidade, gentil, suave) e jutsu (arte) são diferentes das jiu-jitsu mais utilizadas para classificar o chamado jiu-jitsu brasileiro, criado pelos irmãos Gracie. Crê-se que essa vertente tenha sido propagada na Europa por Minuro Mochizuki.

No caso do jujutsu tradicional são utilizadas armas como o tanto (faca), o tambo (bastão), o kubotan ou kashinobo (semelhante a uma caneta), a tonfa (utilizada pelas forças policiais), o bo (bastão comprido) e a katana, entre outros.

Tendo a vertente de defesa pessoal, militar ou policial compreende técnicas de batimento, projeção, imobilização, controle, estrangulamento e reanimação, além de poder ser combinado com as técnicas de massagem terapêutica (shiatsu ou seitai).

A maior diferença entre os estilos tradicional e brasileiro talvez seja o uso de diferentes armas (bukiwaza) e também uma menor utilização da luta no chão no jujutsu tradicional, sendo que esse utiliza também técnicas de controle como o hojojutsu. Nessa arte também as graduações são diferentes, além de um maior vínculo aos usos e tradições japonesas. A ligação ao mestre é muito forte e são utilizadas com muita freqüências expressões e nomes japoneses no tocante às técnicas.

Graduação

Jiu-jitsu Faixas

As graduações mudam de academia para cada academia

  • Branco (4 Graus)
  • Azul (4 Graus)
  • Roxa (4 Graus)
  • Marron (4 Graus)
   OU
  • Branco
  • Amarelo
  • Laranja
  • Verde
  • Azul
  • Roxa
  • Marrom


  • Preta lisa
  • 1° Dan Preto
  • 2º Dan Preto
  • 3º Dan Preto
  • 4º Dan Preto
  • 5º Dan Preto
  • 6º Dan Vermelha e Preta
  • 7º Dan Vermelha e Preta
  • 8º Dan Vermelha e Preta
  • 9º Dan Vermelha
  • 10ºDan Vermelha

Para iniciantes (juniores) as idades mínimas para cada graduação são as seguintes:

  • Branco
  • Amarela- 7 anos
  • Amarela / Laranja- 8 anos
  • Laranja- 9 anos
  • Laranja / Verde- 10 anos
  • Verde- 13 anos
  • Verde / Azul- 16 anos
  • Azul- 16 anos
  • Azul / Marron- 18 anos
  • Marrom- 18 anos
  • Preto 1º Dan- 19 anos
  • Preto 2º Dan- 22 anos

Golpes Básicos

  • Armlock
  • Chave de braço "Americana"
  • Omoplata
  • Triângulo
  • Estrangulamento
  • "Mão de Vaca"
  • Queda
  • "Mata-Leão"

Estilos praticados no Brasil

Jiu-jitsu de contato

Ver também


Oque é Tatame

Tatame

Sala de seis tatames.

Sala de seis tatames.

Tatame(畳), que significava originariamente "dobrado e empilhado", é o piso tradicional japonês. O tatame tradicional é feito de palha de arroz prensada revestida com esteira de junco e faixa preta lateral. Seu formato e tamanho são padronizados. É o piso das áreas secas de uma residência e serve de medida para os cômodos.

Tatames eram originalmente um item de luxo quando a maioria das pessoas viviam em locais de chão batido.

Padrão e tamanho

No Japão, o tamanho de um quarto é geralmente medido pelo número de tatames. O tamanho tradicional de um tatame é 90 cm por 180 cm (1.62 metros quadrados) por 5 centímetros.

Uso

Tatame são associados com rituais religiosos japoneses e com a cerimônia do chá. As casas tradicionais utilizam tatames em vários ambientes. Muitas das casas modernas japonesas têm pelo menos um quarto de tatame.

Tatames também são usados para treino de artes marciais japonesas, como judô.


Tatame em artes marciais

Tatame(ou shiai-jô) é o lugar onde se praticam lutas, em esportes como o judô, o karatê, o jiu-jitsu,o aikido, o hapkido, o taekwondo etc. Ele possui dimensões e rigidez específicas para cada arte marcial e limites que não devem ser ultrapassados no decorrer da luta, sob ameaça de punição.

O tatame não tem a dureza do chão liso, por isso protege o lutador quando este cai durante uma luta; entretanto, ao mesmo tempo, não tem a maciez de um colchão - por isso, pode machucar o praticante que cair de mau jeito.


- Tamanho Padrão (180cm x 90cm x 5,5 cm )

Também é indicado para a correção da coluna, por massagistas e médicos em geral; na decoração em estilo Oriental; na prática de ioga, meditação, relaxamento e tratamentos anti-estresse.

Para maior praticidade na academias são usados tatame sintéticos de E.V.A ( ETIL VINIL ACETATO ).

Os praticantes de esportes lutam descalços e os moradores da residência e seus visitantes devem tirar seus sapatos, por questões de respeito e higiene.


Oque é Quimono

Quimono


Mulher japonesa usando kimono, 1870

Mulher japonesa usando kimono, 1870
Mulheres em Kimono furisode vestidas como maiko (aprendiz de geisha)

Mulheres em Kimono furisode vestidas como maiko (aprendiz de geisha)

Kimono, (em japonês 着物, literalmente "algo que uma pessoa veste"), são as peças de vestuário tradicionais do Japão.

Originalmente a palavra referia-se para todos os tipos de vestuário, mas acabou por ficar associada apenas às vestes longas que ainda são usadas por homens, mulheres e crianças.

Kimonos têm diferentes estilos e acessórios.

Acessórios e garmentos relacionados

  • Nagajuban (長襦袢)
  • Hadajuban (肌襦袢)
  • Susoyoke (裾除け)
  • Geta (下駄): sandálias de madeira
  • Hakama ()
  • Haori (羽織)
  • Haori-himo (羽織紐)
  • Jūnihitoe (十二単)
  • Hiyoku (ひよく)
  • Kanzashi ()
  • Obi (): cinto japonês usado em volta do quimono ou yukata. São usados diferentemente dependendo da ocasião e são mais sofisticados quando usados por mulheres. Enquanto numa gueixa o obi é atado atrás, nas costas, numa prostituta é atado à frente, sendo que a sua posição varia conforme o estado social da mulher que o usa.
  • Obi-ita (帯板)
  • Datejime (伊達締め)
  • Koshi himo (腰紐)
  • Tabi (足袋)
  • Waraji (草鞋): sandálias de palha ou fibras naturais. Usadas principalmente por monges.
  • Yukata (浴衣): quimono informal e sem forro usado no verão, geralmente feito de algodão ou linho. Muito usados nos festivais (matsuri) de verão tanto por homens e mulheres. Também são usados em onsen (resorts de águas termais).
  • Zori (草履)

Ver também

O que é Caratê

Caratê




O caratê (português brasileiro) ou caraté (português europeu) [1] (em japonês 空手, karate, ou 空手道, karate-dō, "caminho da mão vazia"), é uma arte marcial desenvolvida a partir do kenpō chinês[2] (em particular o kung fu da China meridional) e de métodos autóctones de lutas das ilhas Ryūkyū[3]. O caratê é predominantemente uma arte de golpes, como pontapés (chutes), socos, joelhadas e cotoveladas e golpes com a palma da mão aberta. Bloqueios de articulações, lançamentos e golpes em áreas vitais também são ensinados, dependendo do estilo. Um praticante de caratê é denominado "carateca".

O karatê é uma forma de budo (武道, caminho marcial), enfatizando as técnicas de percussão atemi waza (como defesas, socos e chutes) ao invés das técnicas de projeções e imobilizações. O treino de caratê pode ser dividido em três partes principais: Kihon, Kata e Kumite.

  • Kihon (基本, "fundamentos") é o estudo dos movimentos básicos.
  • Kata (型, "forma", "padrão") é uma espécie de luta contra um inimigo imaginário expressa em seqüências fixas de movimentos.
  • Kumite (組手, "encontro de mãos") é a luta propriamente dita. Em sua forma mais básica é combinada (com movimentos predeterminados) entre os lutadores para, posteriormente, alcançar o jyu kumite (combate livre ou sem regras). A forma desportiva, ou combate com regras, é conhecida como Shiai-kumite.

História

Originalmente a palavra caratê era escrita com os ideogramas 空手 ("mãos vazias") se referindo à dinastia chinesa Tang ou, por extensão, a mão chinesa, refletindo a influência chinesa nesse estilo de luta.

O caratê é provavelmente uma mistura de uma arte de luta chinesa levada a Okinawa por mercadores e marinheiros da província de Fujian com uma arte própria de Okinawa. Os nativos de Okinawa chamam este estilo de Okinawa-te ("mão de Okinawa"). Os estilos de caratê de Okinawa mais antigos são o Shuri-te, o Naha-te e o Tomari-te, assim chamados de acordo com os nomes das três cidades em que eles foram criados.

Em [1820] Sokon Matsumura fundiu os três estilos e criou o estilo shorin (pronuncia japonesa para a palavra chinesa shaolin), que é também a pronúncia dos ideogramas 少林 ("pequeno" e "bosque"). O nome shorin foi dado posteriormente, por Choshin Chibana, ao estilo idealizado pelo mestre Mastumura. Entretanto os próprios estudantes de Matsumura criaram novos estilos adicionando ou subtraindo técnicas ao estilo original. Gichin Funakoshi, um estudante de um dos discípulos de Matsumura, chamado Anko Itosu, foi a pessoa que introduziu e popularizou o caratê nas ilhas principais do arquipélago japonês.

O caratê de Funakoshi teve origem na versão de Itosu do estilo shorin-ryu de Matsumura que é comumente chamado de shorei-ryu. Posteriormente o estilo de Funakoshi foi chamado por outros de shotokan por seu apelido shoto; o kanji kan (館) significa prédio ou construção, e portanto shotokan significa "Prédio de Shoto". O estilo shotokan foi popularizado no Japão e introduzido nas escolas secundárias antes da Segunda Guerra Mundial.

Como muitas das artes marciais praticadas no Japão, o caratê fez a sua transição para o karate-do no início do século XX. O do em karatê-do significa caminho, palavra que é análoga ao familiar conceito de tao. Como foi adotado na moderna cultura japonesa, o caratê está imbuído de certos elementos do zen budismo, sendo que a prática do caratê algumas vezes é chamada de “zen em movimento”. As aulas frequentemente começam e terminam com curtos períodos de meditação. Também a repetição de movimentos, como a executada no kata, é consistente com a meditação zen pretendendo maximizar o autocontrole, a atenção, a força e velocidade, mesmo em condições adversas. A influência do zen nesta arte marcial depende muito da interpretação de cada instrutor.

A modernização e sistematização do caratê no Japão também incluiu a adoção do uniforme branco (quimono ou karategi) e de faixas coloridas indicadoras do estágio alcançado pelo aluno, ambos criados e popularizados por [Jigoro Kano], fundador do [judô]. Fotos de antigos praticantes de caratê de Okinawa mostram os mestres em roupas do dia-a-dia.

durante a Segunda Guerra mundial, o caratê tornou-se popular na Coréia do Sul sob os nomes tangsudo ou kongsudoquando a pratica do taekwondo foi proibida pelos japoneses apos sua invasão.

Graduação

As artes marciais provenientes do Japão e Okinawa, apresentam uma variedade de títulos e classes de graduações. O sistema atual de graduação de faixas coloridas é o mais aceito; Antes disso, muitos métodos distintos eram usados para marcar os vários níveis dos praticantes. Alguns sistemas, recorriam a três tipos de certificados para seus membros:

  • Shodan: significando que se havia adquirido o status de principiante.
  • Chudan: significava a obtenção de um nível médio de prática. Isso significava que o indivíduo estava seriamente comprometido com sua aprendizagem, escola e mestre.
  • Jodan: a graduação mais alta. Significava o ingresso no Okuden (escola, sistema e tradição secreta das artes marciais).

Se o indivíduo permanecia dez anos ou mais junto ao seu mestre , demonstrando interesse e dedicação, recebia o Menkyo, a licença que permitia ensinar. Essa licença podia ter diferentes denominações como: Sensei, Shihan, Hanshi, Renshi, Kyoshi, dependendo de cada sistema em particular. A licença definitiva que podia legar e outorgar acima do Menkio, era o certificado Kaiden, além de habilitado a ensinar, implicava que a pessoa havia completado integralmente o aprendizado do sistema.

O sistema atual que rege a maioria das artes marciais usando Kyu ("classe") e Dan ("grau") , foi criado por Jigoro Kano, o fundador do Judô. Kano era um educador e conhecia as pessoas, sabendo que são muitos os que necessitam de estímulos imediatamente depois de haver começado a praticar artes marciais. A ansiedade desse tipo de praticante não pode ser saciada por objetivos a longo prazo.

A graduação no caratê é importante para indicar o nível de experiencia dos praticantes, e é vista como sinal de respeito para os atletas menos graduados. Para demonstrar a graduação os caratecas usam uma faixa com uma cor na região da cintura. A ordem das cores das graduações variam de estilo para estilo mas como padrão, a faixa iniciante é a de cor branca.

Abaixo as cores de graduação do estilo tradicional Shorin-ryu, como um exemplo da progressão de graduação no caratê:

  • Branca (8º kyu)
  • Azul clara (7º kyu)
  • Amarela (6º Kyu)
  • Laranja (5º Kyu)
  • Verde (4º Kyu)
  • Azul Escura (3º Kyu)
  • Roxa (2º Kyu)
  • Marrom (1º Kyu)
  • Preta (1ºDan até 10ºDan)


Outro exemplo de graduação é a do estilo Shotokan:

  • Branca (7º kyu)
  • Amarela (6º Kyu)
  • Vermelha(5º Kyu)
  • Laranja (4º Kyu)
  • Verde (3º Kyu)
  • Roxa (2º Kyu)
  • Marrom(1º Kyu)
  • Preta/Negro (1ºDan até 9ºDan)


Na classificação de faixas coloridas, Kyu significa classe, sendo que essa classificação é em ordem decrescente. Na classificação de faixas pretas, Dan significa grau, sendo a primeira faixa preta a de 1º Dan, a segunda faixa preta 2º Dan e assim por diante em ordem crescente. Em um plano simbólico, o branco representa a pureza do principiante, e o preto se refere aos conhecimentos apurados durante anos de treinamento.

Estilos

No caratê há um grande número de estilos e escolas. Os mais conhecidos atualmente são Shotokan, a escola Shotokai, Shorin-ryu, Goju-ryu, Uechi Ryu e Shito-ryu. Todos eles criados na primeira metade do século XX. O Kyokushin ("verdade final") é outro estilo muito popular, apesar de mais recente. Além desses, existem: Shobayashi, Matsubayashi-ryu, Kobayashi-ryu, Matsumura Seito e Matsumura Motobu. Desses se originaram estilos como Chito-ryu, Shorinji-ryu (Kempo) e Shorei-ryu. Outros estilos importantes incluem o Seido, Shudokan, Shukokai, Isshin-ryu e Shindo-jinen-ryu. Alguns mestres do caratê criaram estilos que são a combinação de vários estilos, como o JIKC (Japanese International Karate Center) ou o Kata shubu do ryu.

Assim, é possível relacionar a seguinte lista de estilos:


Estilo e escola

Em termos de artes marciais, há que se notar que a palavra Escola não tem o mesmo sentido empregado no uso comum. O caratê é uma arte marcial que se subdivide em diversos estilos, o Shorin-ryu sendo um dos mais antigos entre eles. Cada estilo (ryu) é uma forma particular de se praticar uma determinada arte marcial. Nesse sentido, membros de estilos diferentes terão nomes diferentes para golpes semelhantes, katas e kihons próprios, diferentes progressões de faixa e até mesmo metodologias de ensino variadas. O que une os diferentes estilos é a consciência de que são como galhos de uma mesma árvore, no caso a arte marcial em questão.[carece de fontes?]

As escolas (kan), por sua vez, são visões particulares de um determinado estilo. Muitas vezes elas se originam como tributos a Mestres muito graduados e, algumas vezes, acabam se transformando em estilos propriamente ditos, como foi o caso do estilo Shotokan, que deve ser mais corretamente chamado de Shotokan-ryu (uma vez que Shotokan seria a Escola de Shoto e Shotokan-ryu seria o Estilo da Escola de Shoto). Uma Escola, em termos de artes marciais, não é, portanto, um local de aprendizado de técnica, mas um conjunto de idéias dentro de um estilo. Os locais de aprendizado são chamados de Dojos, sendo estes filiados a alguma Escola. É neles que as pessoas aprendem Karate.[carece de fontes?]

Como desporto

O caratê também pode ser praticado como um esporte competitivo, muito embora não possua status de esporte olìmpico como o Judô e o Taekwondo. Isto se deve ao fato de que não há uma organização centralizadora para o caratê, assim como não existem regras uniformes entre os diversos estilos. A competição pode ser tanto de kumite como de kata e os competidores podem participar individualmente ou em grupo. Vale lembrar, no entanto, que o caratê é considerado como modalidade olímpica, reconhecida pelo COI em 1999, uma vez que está de acordo com a Carta Olímpica. A Organização Mundial de Administração que foi reconhecida é a Federação Mundial de Karatê.

Na competição de kata, pontos são concedidos por cinco juízes, de acordo com a qualidade da performance do atleta, de maneira análoga à ginástica olímpica. São critérios fundamentais para uma boa performance a correta execução dos movimentos e a interpretação pessoal do kata através da variação de velocidade dos movimentos (bunkai). Quando o kata é executado em grupo (usualmente, de três atletas), também é importante a sincronização dos movimentos entre os componentes do grupo.

No kumite, dois oponentes (ou duas equipes de lutadores) enfrentam-se por um tempo, que pode variar de dois a cinco minutos. Pontos são concedidos tanto pela técnica quanto pela área do corpo em que os golpes são desferidos. As técnicas permitidas e os pontos permissíveis de serem atacados variam de estilo para estilo. Além disso, o kumite pode ser de semi-contato (como no estilo Shotokan), ou de contato direto (como no estilo Kyokushin).

Tabela de pontuação utilizada pela Confederação Brasileira de Karatê-do (CBK), e entidades a ela filiadas:

  • Ippon (um ponto) - soco na área do abdome, do peito ou do rosto.
  • Nihon (dois pontos) - soco ou chute na área das costas; chute na área do abdome ou do peito, independentemente do oponente estar caído ou não; seqüência pontuável em que o oponente seja atingido com, pelo menos, dois socos, na área do abdome e/ou do peito e/ou do rosto; seqüência pontuável em que o oponente perca o equilíbrio (por si só, ou após receber uma técnica de varredura ou projeção), e seja atingido, logo em seguida, com um golpe pontuável (exceto chute na cabeça), desde que esteja caindo ou de costas.
  • Sanbon (três pontos) - chute na cabeça, com contato controlado (ou, dependendo da categoria em disputa, com aproximação de 5cm a 10cm, desde que o oponente não esboce reação), independentemente do oponente estar caído ou não; derrubar o oponente com técnica de varredura ou projeção e, num intervalo de até 3 segundos, aplicar uma técnica pontuável (exceto chute na região do abdome), desde que o oponente esteja completamente caído, sem chances de contra-atacar.

Há, ainda, confederações que utilizam tabela de pontuação semelhante a esta. Por exemplo, a Confederação Brasileira de Karatê-do Interestilos (CBKI), bem como as entidades filiadas à mesma, utilizam wazari (meio ponto - ○), para golpes chudan (altura do tronco); e ippon (um ponto - ●), para golpes jodan (altos), ou indefensáveis. Nesse sistema de luta, o combate termina quando o tempo expira ou quando um dos dois oponentes atinge três pontos (sanbon), daí o nome do sistema de disputa ser Shobu Sanbon (disputa por três pontos). Uma variação desse sistema é o Shobu Ippon (disputa por um ponto), onde vence aquele que conseguir um ippon ou dois wazari. Há, ainda, outra variação: Shobu Nihon (disputa por dois pontos), na qual vence aquele que obtiver dois ippon ou quatro wazari, mas esta última forma de disputa é mais utilizada para competições infantis.

Dojo kun

É o conjunto de cinco preceitos (kun) que são normalmente recitados no começo e no fim das aulas de caratê no dojo (local de treinamento). Estes preceitos representam os ideais filosóficos do caratê e são atribuídos a um grande mestre da arte do século XVIII, chamado Tode Sakugawa.

  • Hitotsu jinkaku kansei ni tsutomuru koto
    • Esforçar-se para a formação do caráter.
  • Hitotsu makoto no michi o mamoru koto
    • Fidelidade para com o verdadeiro caminho da razão.
  • Hitotsu do ryoku no seishin o yashinau koto
    • Cultivar o intuito do esforço.
  • Hitotsu reigi o omonzuru koto
    • Respeito acima de tudo.
  • Hitotsu keki no yu o imashimeru koto
    • Conter o espírito de agressão.

Vocabulário

  • Dan: nível de faixas pretas
  • Kyu: nível de faixas abaixo da preta
  • Giaku golpe com a mão aposta à perna que está à frente
  • Oi: golpe com a mesma mão que a perna que está à frente
  • Sonoba: parado
  • Kimé: união de força mental e fisica
  • Gedan: zona baixa
  • Gohon Kumitê: trabalho com o adversário,em cinco passos
  • Hajimê: começar
  • Hikitê: puxar um punho ao quadril, enquanto o outro trabalha
  • Ippon kumitê: trabalho com o adversário, em um passo
  • Jodan: zona alta
  • Yoko: lateral
  • Mawashi: semi-círculo
  • Mae: frontal
  • Kamaê: colocar-se em posição
  • Kiai: união da respiração com a voz, momento em que se liberta o máximo de força e velocidade
  • Kihon: trabalho de todas as técnicas de deslocação
  • Hantai: dar meia-volta
  • Seizá: em posição para a saudação
  • Tchudan: zona média
  • Yamé: parar
  • Yoi: posição de espera , pronto para trabalhar
  • Keri ou Gueri: chute
  • Zuke: soco
  • Uke: defesa
  • Shuto: golpe com a mão aberta
  • Shotei: golpe com a palma da mão
  • Empi: golpe com o cotovelo
  • Hiza: golpe com o joelho
  • Cacato: golpe com o calcanhar
  • Hantei: decisão por bandeirada (votação dos árbitros auxiliares) de uma luta empatada
  • Hiki-Waki: empate
  • Nokachi: vitória
  • Shiro: competidor de branco, ainda usado em competições da FPKI e da CBKI
  • Aka: competidor de vermelho
  • Ao: competidor de azul
  • Dachi: posição das pernas (Exemplo: fudo-dachi, zunkutsu-sachi, shiko-dachi, ukiashi-dachi etc)
  • Ushiro: parte de atrás
  • Ashiro: golpe giratório
  • Tobi: golpe pulando
  • Moto no ichi: posição inicial
  • Shodan: primeiro (1º)
  • Nidan: segundo (2º)
  • Sandan: terceiro (3º)
  • Yondan: quarto (4º)
  • Godan: quinto (5º)
  • Nanandan: sétimo (7º)
  • Nihon: duplo
  • Sanbon: triplo
  • Yonbon: quádruplo
  • Gohon: quíntuplo

Oque é Arte Marcial

As artes marciais são sistemas de práticas e tradições para treinamento de combate, geralmente, sem o uso de armas de fogo ou outros dispositivos modernos.

A origem do termo artes marciais

Gravura representando uma luta de arte marcial sem o uso de armas, do Wu Pei Chih.
Gravura representando uma luta de arte marcial sem o uso de armas, do Wu Pei Chih.
Marte
Marte

A origem do termo artes marciais é ocidental e latina, uma referência às artes de guerra e luta. Sua origem é vinculada ao deus da guerra greco-romano Marte. Assim, as artes marciais segundo esta mitologia são as artes ensinadas pelo Deus Marte aos homens.

As artes militares ou marciais são todas as práticas utilizadas pelos exércitos no desenvolvimento de treinamento e habilidades para o uso em guerras não importando a origem ou povo que a criou.

Hoje, o termo artes marciais é usado para todos os sistemas de combate de origem oriental e ocidental, com ou sem o uso de armas tradicionais. No oriente, existem outros termos mais adequados para a definição destas artes, como Wu Shu na China e Bu-Shi-Do no Japão que também significam artes de guerra, ou "Caminho do Guerreiro".

Muitas destas artes de guerra do oriente e ocidente deram origem a artes atuais que hoje são praticadas em todo o mundo como Caratê, Kung Fu, Tae-Kwon-Do, Esgrima, Arqueirismo, Hipismo etc, e se diferem dos esportes de combate como o Boxe, Judo, Luta Olimpica, pois no esporte prevalecem as regras definidas para cada competição, já as modalidades que têm uma origem mais marcial têm como objetivo a defesa pessoal em uma situação de risco sem regras, e com o enfoque principal na formação do caratér do ser humano. No Japão, estas artes são chamadas de Bu-Dô ou "Um caminho educacional através das lutas".

A História das Artes Marciais

O Boxe já era praticado no antigo Mediterrâneo.
O Boxe já era praticado no antigo Mediterrâneo.

Sua origem confunde-se com o desenvolvimento da civilização quando, logo após o desenvolvimento da onda tecnológica agrícola, alguns começam a acumular riqueza e poder, ensejando o surgimento de cobiça, inveja, e seu corolário, a agressão.

A necessidade abriu espaço para a profissionalização da proteção pessoal. Embora a versão mais conhecida da arte marcial, principalmente a história oriental, tenha como foco principal Bodhidharma monge indiano que em viagem à China orientou os monges chineses na prática do yoga e rudimentos da arte marcial indiana o que caracterizou posteriormente na criação de um estilo próprio pelos monges de shaolin, é sabido históricamente, através da tradição oral e escavações arqueológicas que o kung fu já existia na China há mais de cinco mil anos. Da China estes conhecimentos se expandiram por quase toda a ásia. Japão e Coréia também têm tradição milenar em artes marciais.

Roda de capoeira.
Roda de capoeira.

Recentes descobertas arqueológicas também mostram guardas pessoais, na Mesopotâmia, praticando técnicas de defesa e de imobilização de agressores. Paralelamente, o mundo ocidental desenvolveu outros sistemas, como o Savate francês. Atualmente, pessoas de todo o mundo estudam artes marciais por diferentes motivos como condicionamento físico, defesa pessoal, coordenação física, lazer, desenvolvimento de disciplina, participação em um grupo social, e estruturação de uma personalidade sadia pois a prática possibilita o extravasamento da tensão que harmoniza o indivíduo focalizando-o positivamente.

Sistemas de classificação dos estilos de luta

Existem diversos sistemas distintos de classificação dos estilos de arte marcial, adotados por diferentes culturas em momentos históricos específicos.

Na China

Praticantes de Tai Chi Chuan em treinamento
Praticantes de Tai Chi Chuan em treinamento

As artes de lutas estão classificadas em dois grupos:

  • Wu Shu = artes de guerra onde se encontra os estilos tradicionais mais antigos, que se sub dividem em:
  • Kuo-Shu = artes chinesas, onde se encontram os estilos mais recentes e modernos, muito destes adaptados a competição.

No Japão

As artes da luta também se dividem em três grupos:

  • Bugei = o sistema é simplório, se referindo a técnicas de guerrear com o aprendizado voltado à manipulação e domínio de equipamentos bélicos tradicionais, como o arco e flecha, os diferentes tipos de espada, lança, alabardas, foices, bastões, machados, correntes, dentre vários outros, característicos da época e região.
  • Bujutsu = Ele está relacionado a todas as modalidades técnicas necessárias para o combate corporal, é composto por um conjunto de técnicas do bugei, definido como bugei juhappan (as 18 disciplinas de combate), incluindo equitação e natação; foi estabelecido após o período Kamakura japonês (1192-1333), após a chegada da classe samurai ao poder, sendo sua prática limitada a membros da elite guerreira, cabendo o domínio total das técnicas somente a uma pessoa, o fundador do estilo. Ex. Budo taijutsu, Kenjutsu, Iaijutsu, Ninjutsu e etc.
  • Budo = O budo é a evolução do bujutsu, juntamente com o bugei; contudo, o budo foi dividido em duas linhas de evolução: a linha esportiva competitiva e a linha de estudo da técnica marcial sem o propósito de guerra, evolução característica da arte marcial, e outras que mantiveram-se desde a antiguidade. Ex: Karate, Judo, Aikido, Kendo, Kyudo, etc.

No Ocidente

Diversas práticas marciais estão vinculadas unicamente à luta e à defesa pessoal, situação muito distinta da do oriente, que as integra a um sistema filosófico que prepara o praticante também física e espiritualmente, criando uma consciência da futilidade de viver competindo e de utilizar sua arte para agredir quem não tem o mesmo preparo.

Entre os estilos ocidentais de luta podemos citar: Savate, Kickboxing, Boxe, Luta Livre, Capoeira, Esgrima, Sambo, Brazilian Jiu-Jitsu e outros mais recentes criados principalmente da mescla com sistemas de luta orientais.

Segundo alguns historiadores, o Pankration, uma das artes marciais do Ocidente, foi levada pelos exércitos de Alexandre, o Grande, para o Oriente.


Quem Foi Jigoro Kano

Jigoro Kano

Jigoro Kano (em japonês 嘉納治五郎) (Kanō Jigorō, Mikage, 28 de outubro de 18604 de maio de 1938) foi o fundador da arte marcial Judô e reformou o Jiu-Jitsu.

Biografia

Nascido em 28 de outubro de 1860, em Mikage, prefeitura de Hyogo no Japão, terceiro filho de Jirosaku Mareshiba Kano, alto funcionário da marinha imperial, seus pais queriam que seguisse a carreira de diplomata ou político, mas Jigoro Kano preferiu o magistério, embora de personalidade marcante, possuía físico franzino, medindo 1,50 metros de estatura e pesando uns escassos de 48 kg, o que dificultava o seu ingresso na maioria dos esportes. Em 1871 com 11 anos de idade foi mandado para Tóquio para estudar o idioma inglês, então indispensável para o progresso em qualquer sentido e que, possibilitou mais tarde tornar-se professor e tradutor dessa língua e ainda montar sua própria escola em Tóquio, a Kobukan (escola de inglês).

Aos 16 anos, decidiu fortificar o corpo, praticando a ginástica, o remo e o basebol. Mas estes desportos eram demasiados violentos para sua débil constituição. Além disso, nas brigas entre estudantes, Kano era sistematicamente vencido. Ferido na sua qualidade de filho de um Samurai decidiu estudar o jujutsu. Quem lhe ensinou os primeiros passos foi o professor Teinosuke Yagi. Posteriormente, em 1877, matriculou-se na Tenshin Shinyo Ryu, sendo discípulo do mestre Hachinosuke Fukuda. Em 1879, com a idade de 82 anos, Fukuda morreu e Kano herdou seus arquivos. Tornou-se em seguida aluno do mestre Masatomo Iso, um sexagenário que possuía os segredos de uma escola derivando igualmente do Teshin Shinyo Ryu.

Continuando o seu treinamento, Jigoro Kano torna-se vice-presidente da escola. Infelizmente, Masatomo Iso, morreu muito cedo e Kano novamente encontrou-se sem professor. Contudo Kano continuou a treinar intensamente, mas um bom professor lhe era indispensável. Foi então que procurou o mestre Tsunetoshi Likugo que lhe ensinou a técnica da escola Kito Ryu. Como Kano até então só praticara sempre as lutas corpo a corpo, sempre usando roupas normais, a escola de Kito ensinou-lhe o combate com armadura. Pouco a pouco, Kano fez a síntese das diversas escolas criando um sistema próprio de disciplina, continuando, no entanto a treinar com o mestre Likugo até 1885.

Kodokan

Em fevereiro de 1882, Jigoro Kano inaugura sua primeira escola denominada Kodokan (Instituto do Caminho da Fraternidade). A Kodokan estava localizada no segundo andar de um templo budista Eishoji de Kita Inaritcho, bairro de Shimoya em Tóquio, onde havia doze jos (jo medida de superfície, módulo de tatame). O primeiro aluno inscreveu-se em 05 de junho de 1882, chamava-se Tomita. Depois vieram Higushi, Arima, Nakajima, Matsuoka, Amano Kai e o famoso Shiro Saigo (Sugata Sashiro). As idades oscilavam entre 15 e 18 anos. Kano albergou-se e ocupou-se deles como se fosse um pai. Foi um período difícil, mas apaixonante, o jovem professor não tinha dinheiro e o shiai-jo media 20m², mas a escola progrediu e em breve tornou-se célebre.

Eu estudei jujutsu não somente porque o achei interessante, mas também, porque compreendi que seria o meio mais eficaz para a educação do físico e do espírito. Porém, era necessário aprimorar o velho jujutsu, para torná-lo acessível a todos, modificar seus objetivos que não eram voltados para a educação física ou para a moral, nem muito menos para a cultura intelectual. Por outro lado, como as escolas de jujutsu apesar de suas qualidades tinham muitos defeitos - concluí que era necessário reformular o jujutsu mesmo como arte de combate. Quando comecei a ensinar o jujutsu estava caindo em descrédito. Alguns mestres desta arte ganhavam a vida organizando espetáculos entre seus alunos, por meio de lutas, cobrando daqueles que quisessem assistir. Outros se prestavam a ser artistas da luta junto com profissionais de sumô. Tais práticas degradantes prostituíam uma arte marcial e isso me era repugnante. Eis a razão de ter evitado o termo jujutsu e adotado o do judô. E para distinguí-lo da academia Jikishin Ryu, que também empregava o termo judô, denominei a minha escola de Judô Kodokan, apesar de soar um pouco longo.
Jigoro Kano, em 1898, em uma de suas conferências

Técnicas

Jigoro Kano desenvolveu as técnicas de amortecimento de quedas (ukemis), bem como criou uma vestimenta especial para o treino do judô (o judogui), pois o uniforme utilizado pelos cultores de jujutsu, denominado hakamá provocava freqüentemente ferimentos. A nova arte do mestre tinha duas formas distintas, uma abrangia as técnicas de queda, imobilizações, chaves e estrangulamentos. Essa forma evoluiu para o esporte e a outra parte consistia nas técnicas de golpear com as mãos e os pés, em combinações com agarramentos e chaves para imobilização, inclusive ataques em pontos vitais, atemi-waza. Essa forma evoluiu para a defesa pessoal, goshin-jutsu.

Morte

Jigoro Kano nos legou vários manuscritos, nos quais em geral assinava com pseudônimos, dentre estes, um muito usado por ele era "Ki Itsu Sai" que quer dizer, tudo é unidade. Kano também era poliglota, pois falava quatro línguas além do japonês, francês, alemão, inglês e espanhol. Lamentavelmente a 04 de maio de 1938, morre Jigoro Kano de febre amarela, a bordo do transatlântico "Hikawa Maru", quando voltava do Cairo, onde havia presidido a assembléia geral do comitê internacional dos jogos olímpicos. Não houve para ele tempo de assistir a Universidade do Judô, mas tinha certeza da sua perpetuação. "Quando eu morrer, o Judô Kodokan não morrerá comigo, porque muitas coisas virão a ser desenvolvidas se os princípios de minha arte continuarem sendo estudados".

Cronologia

  • 1860 – Nasceu em Mikage, prefeitura de Hyogo em 28 de outubro. Terceiro filho de Jirosaku Mareshiba Kano, ele recebeu o nome de infância Shinnosuke.
  • 1871 – Ingressou na Seitatsu Shojuku, uma escola privada de Tóquio, onde ele recebeu aulas de Keido Ubukata.
  • 1873 – Entrou na Ikuei Gijuku, uma escola privada em Karasumori, Shiba, Tóquio. Recebeu instruções especiais em Inglês e Alemão de professores nativos.
  • 1874 – Ingressou na escola de línguas estrangeiras de Tóquio.
  • 1875 – Ingressou na escola Kaisei.
  • 1877 – Ingressou na escola Tenshin Shin’Yo e estudou com Hachinosuke Fukuda.
  • 1878 – Fundou o primeiro clube de basebol do Japão (Kasei Baseball Club).
  • 1879 – Estudou o jujutsu na escola do mestre Masatomo Iso.
  • 1881 – Formou-se pela Universidade Imperial de Tóquio, em Literatura, Ciências Políticas e Política Econômica. Estudou o jujutsu na escola Kyto-Ryu com o mestre Tsunetoshi Likugo.
  • 1882 – Começou a dar palestras e mais tarde passou a professor em Gakushuin. Fundou a Kodokan. Terminou seus estudos de Ciências Estéticas e Morais.
  • 1883 – Fundou o Kobukan, uma escola para estudantes chineses e passou a ser Diretor.
  • 1884 – É adido ao Palácio Imperial.
  • 1885 – Obteve a 7ª Categoria Imperial.
  • 1886 – Passou a vice-diretor da Gakushuin. Obteve a 6ª Categoria Imperial.
  • 1889 – Deixou de ser vice-diretor em Gakushuin para aceitar na Casa Imperial um cargo. Fez uma viagem à Europa, onde visitou organizações educacionais.
  • 1891 – Casou-se com Sumako, filha mais velha do então embaixador coreano, Seizei Takezoe, da qual teve nove filhos, seis meninas e três meninos. Tornou-se diretor da quinta escola de segundo grau, na prefeitura de Kumamoto. Em abril é nomeado conselheiro do Ministro da Educação Nacional.
  • 1893 – Tornou-se diretor da primeira escola de segundo grau de Tóquio, subseqüentemente diretor da escola normal de Tóquio.
  • 1895 – Obteve a 5ª Categoria Imperial.
  • 1897 – Demitiu-se da escola normal de Tóquio, mas tarde, aceita seu cargo de volta. Criou a sociedade Zoshi-Kai e funda os institutos Zenyo Seiki, Zenichi, para a cultura dos jovens. Editou a revista “Kokusai”.
  • 1898 – Foi diretor da educação primária no Ministério da Educação Nacional.
  • 1899 – Tornou-se presidente da comissão do Butokukai (Centro de Estudos das Artes Marciais).
  • 1901 – Tornou-se diretor da escola normal de Tóquio pela terceira vez. Nesta época, o judô e o kendô alcançam uma grande popularidade.
  • 1902 a 1905 – Foi enviado por duas vezes a China pelo Ministro Nacional em missão cultural. Em outubro de 1905 obteve a 4ª Categoria Imperial.
  • 1907 – Fundou no Butokukai os três primeiros katas do judô.
  • 1909 – Tornou-se o primeiro japonês membro do comitê olímpico internacional. Modificou os estatutos do Kodokan, tornando-o uma entidade pública.
  • 1911 – Foi eleito presidente da Federação Desportiva do Japão.
  • 1912 – Foi enviado em missão cultural à Europa e América.
  • 1915 – Fundou a revista Kodokan. Recebeu do rei da Suécia por ter participado ativamente da organização dos 7º Jogos Olímpicos a medalha de honra ao mérito.
  • 1920 – Consagrou-se inteiramente ao judô. E julho, assistiu aos Jogos Olímpicos de Antuérpia, visitando depois a Europa.
  • 1921 – Demitiu-se da presidência da Federação Desportiva do Japão.
  • 1922 – Eleito membro da Casa dos Nobres.
  • 1924 – Foi nomeado professor honorário da Escola Normal Superior de Tóquio (Tóquio Higner School).
  • 1928 – Esteve presente nos Jogos Olímpicos em Amsterdã como membro do COI.
  • 1932 – Deslocou-se aos Estados Unidos para assistir aos Jogos Olímpicos de Los Angeles. Tornou-se conselheiro do gabinete de Educação Física do Japão. Participou por duas vezes no Conselho dos Jogos Olímpicos que lançara o convite para os jogos japoneses (1932-1934).
  • 1936 – Assistiu aos XI Jogos Olímpicos de Berlim.
  • 1938 – Esteve na Reunião do COI no Cairo, onde propôs que Tóquio fosse escolhida como sede dos XII Jogos Olímpicos. Morreu em 04 de maio, no mar, na viagem de volta. Recebeu a título póstumo o 2º Grau Imperial.

Essas são algumas de suas muitas atividades, outras não foram aqui mencionadas, sabendo-se que a sua busca de realizações foram muito além do normal, notadamente para quem como Kano introduziu também o desporto e a educação física no plano educacional do Japão, fato esse já seria suficiente para perpetuar seu nome como educador e como esportista.

Por tudo que esse grande mestre nos legou, concluímos que ele sempre esteve muito avançado sobre o seu tempo. Hoje, nosso mestre é cultuado em sua pátria e também em todos os países do mundo.

Dos mais modestos aos mais requintados dojos, centenas de milhares de esportistas usufruem de sua obra: o JUDÔ.

Jigoro Kano aclama o Aikido como Budo ideal

No outono de 1925, depois de insistentes pedidos de seu admirador, Almirante Isamu Takeshita, Morihei Ueshiba foi a Tóquio para realizar uma demonstração de Aikido diante de uma distinta platéia, entre a qual se encontrava o ex-primeiro ministro Conde Gonnohyoe Yamamoto.

O Conde Yamamoto ficou profundamente impressionado pela demonstração do fundador do Aikidô e solicitou-lhe que dirigisse um seminário especial de 21 dias, no palácio anexo de Aoyama, para especialistas de alto nível de Judô e Keido do pessoal da Casa Imperial.

Em outubro de 1930, Jigoro Kano, fundador do Judô Kodokan, teve oportunidade de ver a arte magnífica do mestre Morihei Ueshiba, o Aikido, e aclamou-a como Budo ideal, e até mesmo, enviou-lhe alguns de seus melhores alunos.